CAPÍTULO 23- O Diário de Cicília Lee... A morte em meus olhos

Pus-me na ponta dos pés, esforcei-me para alcançar a beirada do poço. Eu havia acordado com os berros de Lara Lee, minha excêntrica irmã se excedia discutindo com o escravo na cozinha... Na verdade, eu só ouvia a voz dela... Minha louca e amada irmã... Filha preferida de meu pai... Como poderia odiar o único homem que havia restado para nos proteger? ...Mas eu odiava, odiava os negros. Além dos mais, Aisha permanecia por Mary Lee, não por nós...
Ernani havia morrido! O que era a morte em tempos de guerra? Como alguém ousava morrer longe da mira dos canhões ou dos ventos de febre tifóide... Morrer de fome, de velhice ou por qualquer outra fatalidade era luxo que um simples escravo ousava cometer.
Enquanto os raios de sol penetravam timidamente por entre as árvores, eu me abaixei agarrando algumas pedrinhas... Branquinhas, redondas, frias da solidão da noite... A terra vazou por entre meus dedos...
Pus-me na ponta dos pés, esforcei-me para alcançar a beirada do poço, apertei as pedrinhas contra meus dedos no desejo de arremessá-las contra a escuridão que comportava o defunto... Abismo que calava todas as almas atormentadas... Taquei-as no infinito...

1 comentários:

Curiosa disse...

Nossa que tenso...
=?

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