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Os tiros cruzavam o céu, atingiam os troncos das árvores... O povo gritava!!! Aos poucos, outros homens-de-lei da fazenda apareciam tocando o terror. Eram dois, três, quatro, cinco deles, entre feitores e mandachuvas... Com toda a raiva que um mundo injusto poderia oferecer, destruíram a fogueira e perseguiram aqueles que participavam do ritual... Eram presas fáceis porque estavam sob o efeito de alucinógenos... Ou talvez algo bem similar. Quem eram os brancos dentre todos os homens? Apenas seres incapazes de entender o que se passava com aqueles corpos cambaleantes... Fugiam, subiam nas árvores, tentavam se esconder nas entranhas da floresta. A mãe natureza parecia compactuar com tais rituais porque os recebia em seus galhos, troncos, raízes, acobertando-os e protegendo da raiva daqueles que não entendiam o que significava tudo aquilo.
- Pega!
O capataz afastou-se de seu bando... Sentiu o cheiro de um escravo, sentiu o respirar ofegante... Mirou na escuridão... Mirou! Era alvo certo!! Ele tinha certeza disso. Mirou! Seu coração palpitava enlouquecidamente e ele amava a oportunidade de poder matar, mutilar, destruir os sonhos dos negros sem alma. Mal podia acreditar, estava bem a sua frente... Ofegante e escondido... Pronto para levar uma bala... O feitor sorriu! Foi então que, com toda a sua experiência em caçadas de almas fujonas, ele não hesitou... Caminhou na direção do tronco retorcido que escondia um segredo e com toda a violência, raiva, ódio e todos os sentimentos maléficos ao espírito, ele avançou sobre a escuridão catando pelo braço a alma que se escondia ali.
- Ahhh...
Ela gritou fazendo com que os corvos fugissem dos mais altos galhos.
- Maldita!
O feitor gritou, vendo em suas mãos uma mistura de tintas provenientes do corpo da mulher... Quem era àquela... O feitor se assustou tremendamente com a figura pintada e sinistra... O homem já havia torturado, matado, esquartejado, destruído, queimado, mas nunca havia visto figura semelhante àquela... Feito o demônio vindo buscá-lo por seus pecados.
- O que é isso, feiticeira?!!
O feitor tremeu levando as mãos ao rosto, seu revólver, naquele instante, não possuía nenhuma valia. A escrava princesa cresceu sobre ele e o envolveu... Seus dentes pontiagudos, seu olhar demoníaco... Seu espírito atiçava a floresta e evocava as almas da noite... O feitor era o intruso, não era bem-vindo... Uma lágrima caiu de seu rosto... O medo lhe fez urinar... Desesperou-se como nunca em sua vida... Donde havia saído tal figura macabra? Era uma mulher!! O feitor jamais havia visto algo tão tenebroso... O homem branco teve tanto medo que fugiu...

4 comentários:

Tânia T. disse...

Que emocionante!!!
Sua história fica cada dia melhor...
Continua, continua, continua..
bjos

Veronica Rodrigues disse...

Adorei o blog. Estarei sempre por aqui.

Veronica Rodrigues disse...

Obrigado por me seguir :D
Voce tambem escreve muito bem.Continue a escrever sempre.
Um beijo.

Jhoy Amancio ϟ disse...

' UAU!
Continua por favor! Ta mto emocionante e linda a história!
Bjo ;*

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